No ‘Dia das Mulheres’, suplicamos: “Lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive no ESTÁDIO”

Reunião do ‘SPFC se importa’ em 2018. (Foto: Deuzana Rodrigues – SPFC 24 Horas)

O dia 8 de março é conhecido mundialmente como o Dia Internacional da Mulher, a ‘celebração’ na verdade surgiu com o intuito de colaborar nas lutas feministas por melhores condições de vida e de trabalho, além do direito do voto, isso em meados de 1909 nos Estados Unidos da América…

Na Europa, as ‘celebrações’ na verdade eram manifestações e marchas que uniam o movimento socialista na briga por direitos iguais. A data de 8 de março ficou marcada na Rússia em 1917 com as manifestações de trabalhadoras por melhorias na condição de trabalho e vida, e também contra a entrada da Rússia na primeira guerra mundial.

Com a passagem histórica do Dia da Mulher, vemos que do século XIX para cá, muitas coisas mudaram, e ocorreu uma grande evolução mundial, mas vemos sérios problemas na sociedade contra as mulheres, por exemplo na vida esportiva, principalmente futebolística, existem inúmeros fatores que nos levam a crer que precisamos evoluir muito…

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Em um passado não tão distante, as mulheres sequer ‘podiam’ jogar futebol, meninas de ‘rosa’ atuando no voleibol, talvez handebol, e meninos de ‘azul’ jogando futebol, talvez um basquete, esses são os relatos de pessoas que viveram nos anos 60 até 80, 90… Pois bem, mentes clarearam, espaços abriram, e as mulheres entraram definitivamente na vida do futebol, ufa, que bença!

VIVA! As Mulheres estão cada vez mais presentes em diversas áreas do futebol, seja elas atletas, bandeirinhas, árbitras, dirigentes, patrocinadoras, intermediárias, funcionárias da comissão técnica, assessoras de imprensa, ou ‘simplesmente’ torcedoras.

‘Ah, o mundo mudou’… Infelizmente ainda não! E explico, apesar da maior participação feminina, ainda temos sérios problemas no convívio, e a culpa não é delas, como costumam dizer, mas sim do respeito de nós homens. Qual o problema de um grupo de meninas se reunir e ir ao estádio ‘sozinhas’? Qual o problema de garotas jogarem futebol? Qual o problema de uma mulher xingar o árbitro? Qual o problema de uma mulher no meio da torcida organizada? Qual o problema debater sobre tática e escalação com uma mulher? Problema nenhum, aliás, muitas vezes visões detalhistas e enriquecedoras como já vemos através de comentaristas, repórteres ou no próprio São Paulo onde temos ótimas profissionais de imprensa e grandes atletas [felizmente o futebol feminino retornou], e ainda as torcedoras que representam exatamente igual a nós, seja nas bancadas, ou via redes sociais.

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Muita gente se sente ofendido quando uma mulher dá o seu pitaco, logo lançam: “Você acompanha mesmo, sabe qual a escalação do time?”, ou então “O que é impedimento?”, pior quando manda para a bandeirinha: “Vai lavar uma louça”, clichê não é mesmo? Não, é preconceito, machismo… São diversas mulheres que vivem futebol, não mais e nem menos que homens, apenas contém a mesma paixão pelo esporte, pela profissão ou pelo seu clube, repito que mal tem nisso?,

Quem aqui não tem uma amiga ou parente apaixonada por futebol? É uma raridade atualmente, e devemos nos orgulhar, ver ‘bondes femininos’ se reunindo, indo sozinhas para o Estádio, movimentos surgindo como as são-paulinas do SãoPraElas, corintianas do ‘Movimento Alvinegras’, palmeirenses do ‘Verdonnas’ ou as santistas do ‘Bancada das Sereias’, inclusive tiveram atenção especial do ‘Globo Esporte’ nesta semana, mas que já lutam há um tempo pelo espaço, e nisso entra o samba-enredo da Estação Primeira de Mangueira em 2019: “Brasil, chegou a vez, de ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês”, fica a dica para todos nós.

Os movimentos são espetaculares e contam com uma união que supera o clubismo [o que é um belo recado para vários movimentos], todas pelo mesmo ideal que é seríssimo e ‘simples’, elas só querem ter a paz de frequentarem arquibancadas sem serem julgadas, assediadas, abusadas, ameaçadas, xavecadas, apenas serem respeitadas, é difícil? Não é! Só que infelizmente ainda estamos bem longe, a presença feminina, que já é massiva dentro dos estádios e nas redes sociais, incomoda, injustificavelmente…

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Em outros momentos já escutamos: “Homem não entende do que passamos”, respeito e concordo, só quem está na pele sente, mesmo que tenhamos mãe, irmã, esposa, tia, prima, amiga, é algo intransferível, pois é preciso ter caráter, e assim seguirmos a linha de que a luta não é só das mulheres, mas sim da sociedade, a colaboração de cada um é fundamental.

O futebol não foi criado para um gênero, pelo contrário, o esporte deve atingir o máximo possível da sua pluralidade, reunir tribos, essa é a missão do esporte e para isso devemos lutar pela igualdade, sempre tendo em mente que lugar de mulher é onde ela quiser, e se esse lugar for nas arquibancadas serão muito bem-vindas!!

Feliz Dia das Mulheres, e seguimos trabalhando por dias melhores!

Fábio Martins

Fábio Martins

Formado em jornalismo, ADM do SPFC 24 Horas desde 2012 e principal responsável pelo site e redes sociais desde 2014. Twitter: @fbiomartins1

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